As Mãos

As Mãos

Creusa Cavalcanti França

Tecendo a ânsia coreográfica do fazer

as mãos edificam o mundo

e transmudam-se místicas

na unção das preces.

Agilizam-se no ato criador

tornando-se lentas e dóceis

no submisso afago.

Divino instrumental

acolitando o predestinado cirurgião.


Inflamam-se no aquecido aplauso,

aviltam-se nas rédeas do apodrecido cérebro,

ameigam-se na decisão do bem

e selam, no aconchego de suas texturas,

a dimensão imensurável do amor.

À poeta Ymah Théres

Ah, Ymah, quanto nos foi dorido o infortúnio que a atingiu, nos dias subseqüentes ao seu aniversário, quando envolta na profusão dos cumprimentos, colhia os frutos da amizade que ntão bem soube amealhar.

Quantas identificações constatadas, com gáudio, ao celebrarmos a comunhão de nossos ideais literários.

Como a admiramos pela tenácia, ao enfrentar as limitações, apenas com o antídoto da poesia.

Quanto nos encantamos com a sutil habilidade de poeta, ao converter a tristeza, em néctar, recolhido em seus poemas, muita vez ressonantes em incontáveis corações, assolados por semelhantes desconfortos.

A sucessão das décadas conduziram-na à laboração da temática amarga__ fel, no cálice da exitência, como a prenunciar uma intimidade com a tragédia.

Como a louvamos pelos amoráveis gestos, ao depositar flores da gratidão no pedestal, onde entronizou o pai amado__ prestimoso acólito, nas horas díspares da existência.

Como a admiramos na disposição de transcender as imposições do destino e acolher-se na essência, onde buscava o substrato para um plantio no sedoso canteiro da poesia!

Confiamos que sua semeadura possa frutificar, estendendo as ramagens do bem e ser relembrado paradigma com o timbre de quem soube conciliar-se com o possível, em acatamento aos desígnios do Criador.

Discurso de posse na Academia de Letras da Mantiqueira

Exmo. Sr.

Grão Mestre da Ordem do Mérito Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, Comendador Conde Thiago de Menezes

D.D. Presidente da Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São Paulo e

D.D. Presidente da Academia de Letras da Mantiqueira.

Exmos. Srs. Membros da Academia de Letras da Mantiqueira.

Senhoras, senhores:

É setembro! Ante os olhos, o matizado dos jardins, que nos envolve nos eflúvios da primavera. Quão venturoso este instante pelo ensejo de nos unirmos numa aura de privilegiado congraçamento.

Em nosso inarredável anseio de nos aperfeiçoarmos, buscamos sempre adequados convívios e nos aproximarmos daqueles que possam nos arrimar na trajetória ingente de atingirmos nosso ideal.

Confessamos ser este o sentimento maior que nos entusiasma a aceitar uma inclusão neste sodalício, onde penetramos com a disposição de observar e cumprir seus preceitos e de colaborar para o seu crescente engrandecimento.

Muito nos gratifica, pois, o convite para nos inserirmos nesta admirável confraria intelectual, regida com maestria, pelo Grão Mestre da Ordem do Mérito Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, o Comendador Conde Thiago de Menezes, que nos conduz a partilhar de sua devoção ao culto das belas letras e das belas artes e, a nos sentirmos sob a fronde da estesia.

Louvamos-lhe a brilhante personalidade, evidenciada no exercício de todos os seus pendores, não só como exímio escritor e poeta, como nas multifaces de suas atuações, instaurando, com energia, uma imagem, que tão bem o distingue, como paradigma dos tempos modernos, envolto numa aplaudida expressão humana.

E, ademais, cumpliciado com o realizar, o Conde Thiago de Menezes se doa plenamente e se afinca no propósito de estimular e de congregar aqueles nos quais identifica atributos que merecem ser realçados.

Indizível, pois, a emoção que nos domina ao adentrarmos este silogeu, integrante da Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São Paulo, que viceja esparzindo cultura, congregando intelectuais da expressiva gama do conhecimento, para, juntos, celebrarem o mérito das artes, em todas as suas manifestações.

Honra-nos e, sobretudo, nos emociona o ensejo, dos mais expressivos, em que nos cabe suceder, nesta conceituada e tradicional instituição de cultura, uma personalidade exponencial da Literatura Brasileira, como a do saudoso escritor e historiador, Wilson de Lima Bastos, que cumpriu seu percurso de vida, servindo ao nobre ideal cultural. Viveu como prescrevera, em absoluta consonância com as advertências que sempre fizera__ “a de não se omitir”. Sua existência transcorreu-a, sob o signo das letras. Sua obra há de continuar a representá-lo, com a seriedade de seus conteúdos, com o rigor de seus registros, refletindo a fidedignidade de suas observações, esplendendo as luzes de sua têmpera.

Oportuno se torna relembrar, aqui, um conceito de arte, do notável Alberto Moravia: “A arte é a busca do absoluto, a única digna do homem, pois o liberta do possível, do compromisso, do relativo”.

Nós nos congratulamos com todos os que, aquinhoados por legítimos pendores se manifestam, através das belas letras ou das belas artes, ofertando, assim, um precioso contributo, onde se extravasa a estética da vida__ condição essencial à fruição do esplendor e da harmonia.

Que cada vez mais se intensifique a consciência da importância da arte e que as musas possam nos oferecer legítimas fontes de inspiração, para o enriquecimento artístico-cultural.

Muito nos honra a distinção que nos confere o insigne Presidente da Academia de Letras da Mantiqueira, Conde Thiago de Menezes, incumbindo-nos da saudação aos neo-recipiendários, onde se incluem escritores, poetas, artistas plásticos, jornalistas, educadores, teatrólogos, atores, historiadores, enfim, personalidades que se impõem pelo conceito, haurido nos meios em que se valorizam os dons do intelecto e da sensibilidade.

Aos distintos neo-recipiendários, efusivos cumprimentos, augurando que a Academia de Letras da Mantiqueira possa lhes afigurar como um autêntico abrigo, onde, todos irmanados, recebam estímulos para uma perene eclosão de suas potencialidades.

E, que, neste convívio possam experimentar a realização de um ideal comum: o cultivo das emanações da sensibilidade e do raciocínio, convertidos na expressão da Literatura__ essa admirável arte da palavra ou, que esteja presente, no esplendor das artes plásticas, onde se frui a emoção, através da beleza das cores e, que, jungidas às imagens, não sejam um mero ornamento, mas a revelação da realidade profunda das coisas.

Entrelaçadas, as artes hão de se constituir em um panorama pacificador, a nos descerrar perspetivas do sublime.

E, esta solenidade se reveste de um alto teor cívico, através da concessão da Comenda JK__ pela Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São Paulo__ simbolizada na Medalha Mérito Presidente Juscelino Kubitschek ou, da outorga das insígnias no Grau Oficial da Ordem do Mérito Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon__ láureas que reverenciam a memória de duas das mais expressivas personalidades que, graças aos amplos e valiosos gestos de brasilidade se imortalizaram nos anais da história de nossa pátria.

Aos agraciados com estas significativas comendas, nossa calorosa saudação.

Brindemos, pois, este venturoso parêntese de enlevo cívico-artístico, em que sentimos um primoroso enlace dos corações.

Como a prevalência da emoção determinou a expressão poética, na aurora de todos os povos, à poesia demos, também, neste encontro a incumbência de cumprimentá-los, augurando-lhes o descortino de iluminadas perspectivas.

Que todos se dêem as mãos e, coesos em seus liames, possam entoar canções azuis. Assim, docemente, a munição para romper a vida.

Creusa Cavalcanti França

Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2009.

Discurso de saudação aos neo-recipiendários da Academia de Letras da Mantiqueira, proferido no Salão de Convenções do Royal Rio Palace, às 18:30 horas.

Poeira dos Caminhos


Poeira dos Caminhos
Creusa Cavalcanti França

Você, quando caminha pela estrada,

ao roçar de seus pés, algo se espanta

uma coisinha leve se levanta

tão leve que você nem sente nada...

Se a sua peregrinação é tanta

Você, na dolorosa caminhada,

sentirá, a cada passo revoltada

no rastro peregrino a coisa santa.

Poeira dos caminhos... e nada mais...

é um legado dos nossos ancestrais

que fica dos seus pés, na estrada após.

Esse pó que se agita aos passos seus

é, na grande organização de Deus,

um pouco de você, de mim, de nós.

Férreo Itabirano


Férreo Itabirano
Creusa Cavalcanti França
(A Carlos Drummond de Andrade)

O mistério tange seu estro
fibrilando o humano sofrer.

E Itabira dorme
no recato do gênio
que cintila
nas ocidentais latitudes
claros clarins
da mineira verve.

Velhas raízes
solitária infância
ressoam no hoje
pátina de emoções.

A arte atrelando a vida.
No arfante contágio
exsudante mineiridade.

Ferro pedra poesia
solidificam
a saudade muda
do tempo distante.

Congresso Mineiro de Odontologia - Encontro Mineiro de Arte


Foi um sucesso 42º Cosmo__ Congresso Sul Mineiro de Odontologia - Encontro Mineiro de Artes, na cidade de Caxambu. O evento que acontece ininterruptamente há 42 anos, homenageia a cada ano, uma personagem da história, seja cirurgião dentista, médico, músico, poeta ou escritor. O homenageado foi o grande cantor Ataulpho Alves pela comemoração do centenário de seu nascimento. O vice-presidente, Dr. Mauro Cruz, eminente figura acadêmica, pesquisador mundialmente conhecido que colaborou como organizador do evento, juntamente, com Dr. Alfredo Campos Pimenta, o idealizador do COSMO. A escritora Creusa Cavalcanti França foi agraciada com a Comenda Ataulpho Alves.

Ruflar das Manhãs

Ruflar das Manhãs
Creusa Cavalcanti França

Possam os poetas
com brancas palavras
vestir negras idéias.

E, penas em riste
__bisturis da emoção__
sangrar a injustiça.

Com o orvalho da ilusão
curar os olhos vazios
erguendo a esperança falida

Com muletas da fantasia
arrimar o percorrer indeciso
no roteiro da vida.

Posse na Academia de Letras da Mantiqueira


O Comendador Conde Thiago de Menezes, Presidente da Academia de Letras da Mantiqueira__ integrante da Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São Paulo deu posse a dezessete representantes de diversos municípios brasileiros, onde se incluem escritores, poetas, artistas plásticos, jornalistas, educadores, teatrólogos, atores, historiadores, em solenidade realizada no dia 15 de setembro, próximo passado, em solenidade, no Royal Rio Palace - Copacabana. Além do presidente da entidade, Conde Thiago de Menezes, integraram a Mesa Diretora, os comendadores: Grã Colar Eduardo Reis, Lucíola Assis Albuquerque, Orlando Fogaça e Drª. Vera Lúcia Gonzalez Teixeira. A escritora Creusa Cavalcanti França fez o discurso de saudação aos neo-recipiendários e a leitura do juramento pela artista plástica Nequitz Miguel. Durante a solenidade, a artista plástica, Baronesa Jiselda de Oliveira, fez exposições de suas telas, em óleo sobre tela, que retratam personalidades da história de nosso país, ligadas à medalística da FALASP. Este que lhes escreve tomou posse na cadeira de nº 03, patronímica do escritor jui\-forano, Wilson de Lima Bastos.

Sociedade Eça de Queiroz


A escritora Creusa Cavalcanti França, recebeu o título de Sócio Honorário da Sociedade Eça de Queirós - Rio de Janeiro, por sua Diretoria, sob a presidência do acadêmico Bráulio Sérgio Maciel Rocha, pelos relevantes serviços prestados à cultura e à Língua Portuguesa.

Posse na Academia de Letras da Mantiqueira

A Academia de Letras da Mantiqueira, integrante da Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São Paulo, sob a presidência do Comendador Conde Thiago de Menezes dará posse à acadêmica Creusa Cavalcanti França, no Quadro de Belas Artes e Belas Letras, em sucessão ao acadêmico Wilson de Lima Bastos. O evento ocorrerá no dia 15 de setembro, em solenidade a se realizar, no Salão Nobre do Royal Rio Palace Hotel, no Rio de Janeiro. A acadêmica pronunciará o discurso laudatório aos neo-recipiendários. Na ocasião lhe será conferida a Comenda Juscelino Kubitschek__ cadastrada no Exército Brasileiro, no Grau Comendador.


Jubileu de Prata da Academia Juiz-forana de Letras.



Celebra-se, neste ano, o Jubileu de Prata da Academia Juiz-forana de Letras, entidade que teve sua aurora no último quartel do século que, não há muito, se findou.

Num retrospeto de sua trajetória, sentimo-la, não como guardiã de cristalizada cultura, mas movida por uma dinâmica, em meio a aprazível convívio.

Rememoramos, aqui, o contexto que lhe estimulou o nascedouro:

Na memória cultural juiz-forana, o 25 de dezembro de 1909, data em que a Academia Mineira de Letras, aqui se fundara, sendo, em 1915, seis anos após, transferida para Belo Horizonte, sob a pacífica anuência dos ilustres membros-fundadores que, augurando promissor futuro para a Instituição__ portadora do nome que sugeria abrangente acolhida à manifestação cultural montanhesa__ julgavam-na ser, lá, beneficiária do status que lhe conferiria a capital.

Para a lacuna instalada, no decorrer dos anos, surgiram discretas agremiações, em meio a uma representação academial, criada e presidida pelo idealista e intelectual, Leôncio Ferreira, que não tardou a ver frustrada a entusiástica iniciativa.

Idêntico destino teria o NUME__ Núcleo Mineiro de Escritores, que congregava a intelectualidade da época, desfeito pelo esmorecimento de seus membros...

Sucederam-se propostas culturais, como em 1955, a Associação de Cultura Luso-Brasileira, que já ultrapassa o cinqüentenário, reunindo, aí, entre escritores, diletantes das letras.

A ausência de uma expressão academial era, pois, sentida por muitos que levavam, em apreço, o pódio cultural a que havia alçado Juiz de Fora, com o epíteto de Atenas Mineira.

Mas, ao chegar novembro de 1982, coube ao historiador, Sinval Batista Santiago, brilhante homem de letras, materializar o desejo de se instalar uma Academia, que renovasse a expressão do contributo intelectual de Juiz de Fora.

Num arroubo idealista, eis que o nobre escritor se dispôs a reunir nomes de escritores, poetas, historiadores, jornalistas, enfim, beletristas, evidenciados por suas colaborações na Imprensa local, ou, autores já consagrados, desejando congregá-los para integrar a sonhada Instituição.

Para tal, fora convocado o aludido elenco, reunindo-o no Fórum da Cultura da Universidade Federal de juiz de fora, na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora, para estruturar a novel instituição, em sessão do dia 30 de novembro de 1982 que, em ata subscrita pelo saudoso Dr. Wilson João Beraldo, secretário, ad hoc, registrava a indicação do Dr. Wilson de Lima Bastos para presidir a reunião, na qual o Professor Dr. Almir de Oliveira ficara incumbido da apreciação do ante-projeto do Estatuto, a ser apresentado, no encontro seguinte, para discussão e aprovação.

Em 22 de dezembro de1982, no mesmo recinto, em Assembléia Geral, realizou-se a aprovação do Estatuto Social e a conseqüente fundação da Academia Juiz-forana de Letras, ocasião em que ocorreu a eleição do historiador, Dr. Wilson de Lima Bastos para a presidência do recém-fundado sodalício, no qual iria permanecer em sucessivas gestões até a data que lhe precedeu o falecimento, em 19 de outubro de 1998.

Em sessão solene, ocorrida em 6 de maio de 1983, no recinto do Instituto Cultural Santo Tomás de Aquino, instalou-se, oficialmente, a Academia Juiz-forana de Letras recebendo o batismo literário do Presidente da Academia Mineira de Letras, o preclaro escritor, Vivaldi Moreira que, em magistral discurso, augurou-lhe iluminada trajetória.

Instalava-se, assim, a confraria, em torno das liberações do raciocínio e da emoção, visando ao culto das letras, em estrita observância às prescrições éticas__ condição precípua, apresentada ao elenco que, coeso, iria levar avante o ideal beletrista, que não se desfaria, ante algumas predições enciumadas, empenhadas, em sufocar as legítimas aspirações e as sinceras esperanças.

Assim, votado aos destinos deste sodalício, munido de discreta, mas enérgica liderança e, em plena consonância com seus anseios, o escritor Wilson de Lima Bastos se inseriu na História Cultural de Juiz de Fora, com um gesto de despojamento e de singular benemerência, escasso em tempos atuais, ensejando à Academia Juiz-forana de Letras, instalar-se, definitivamente, em sede própria, mercê da doação, que se efetivara, após processo comprobatório de sua intenção, através de dados, colhidos nos registros das atas__ nos quais se basearam com desmesurado empenho os acadêmicos Almir de Oliveira e Kleber Halfeld__ seu sucessor na presidência.

Assim, não só o imóvel composto de um grupo de salas, como o acervo rico na diversidade bibliográfica, com obras da Literatura Brasileira e raridades da Literatura Universal passaram a ser propriedade da Academia Juiz-forana de Letras.

Prossegue, pois, a Academia Juiz-forana de Letras, através de seus membros, cumprindo os decididos objetivos de estudo, pesquisa, zelo pelo idioma pátrio e pela divulgação da Literatura Nacional, em particular, com prescrições ao destaque da Literatura em sua expressão juiz-forana.

Que a Academia Juiz-forana de Letras continue a trilhar a senda da cultura, cumpliciada com o que lhe prescreve o símbolo “Pro Litteris Urbis”__ proposto pela venturosa criação do acadêmico Almir de Oliveira.

Creusa Cavalcanti França

Vice-presidente da Academia Juiz-forana de Letras.

Escritora e poeta.

Uma Visão do Esquisito

Uma Visão do Esquisito
Novas óticas se instalam e o artista muda o enfoque, como que atrelado à dinâmica da modernidade.
Que dizer desta arte que, com empenho, busca penetrar o âmago da realidade e que se envereda por novos caminhos, endereçando olhos sobre o inusitado?
Não são somente as formas e os matizes esplendorosos os instigantes do artista que ora busca registrar nas telas um vestígio do duelo interior com o seu tempo.
E, assim, a predileção incide sobre exóticos flagrantes que subjazem nas entrelinhas das coisas.
Desviando-se, aos poucos, dos cânones clássicos, os olhares se detêm surpresos, ante as criações que colhem estímulos no esquisito.
Sim ! Instala-se uma novidade estética, apresentando mutações, cumpliciadas com o circunstancial. Paradoxalmente, o artista cria em consonância com as dissonâncias do seu contexto.
Teria o alumbramento ante o belo, atingido a exaustão, obrigando o artista a buscar na expressão extravagante__ no esquisito__ um novo filão?
O esquisito, que integra a vida em todas as suas manifestações, conduzindo o artista à retratação de suas desestruturas, agora, ganha aplausos.
Entanto, o esquisito guarda, também, conotações de beleza, exalando um amálgama de ventura e surpresa, provocando a emoção __ escopo primeiro da arte.
Convencionou-se, durante muito tempo, que a harmonia e a perfeição seriam as musas do gosto estético.
Certo é que continuarão a surgir os veios inexplorados a nutrir a avidez artística, cada vez mais comprometida com o singular, com o raro e, até mesmo, com o imperceptível, trazendo-os ao realce, não se importando de causar espanto, pois quer inovar, instaurando um novo ciclo estético, rastreando no contundente celeiro da vida a matéria-prima de suas elaborações esdrúxulas.
Eis a arte, em flagrantes singulares, sem nada excluir, postergando preconceitos que incidem contra a fealdade e o exotismo.

Centênio da Academia Mineira de Letras em Juiz de Fora

Creusa Cavalcanti França, com o Presidente da Academia Mineira
de Letras, Murilo Paulino Badaró.

Com Elizabeth Rennó - Preidente da Academia Municipalista de
Letras de Minas Gerais e membro das Academias Feminina Mineira
de Letras e Mineira de Letras.

Com a professora Leila Fonseca Barbosa, prefeito Custódio de Mattos

Com o professor Toninho Dutra - Superintendente daFundação
Cultural Alfredo Ferreira Lage.
Com a trovadora Terezinha de Jesus Lopes.

Hierática Flama


Hierática Flama

Viajamos todos
em busca de um arco-íris,
onde supomos encontrar a ventura,
às vezes tão colorida
entanto, sempre esquiva...

É bom acossarmos a ilusão
__ fugidio caleidoscópio__
a que nos condimente as horas cruas.
Sim! A ilusão... imprescindível
a nos tingir os desencantos.

E, quanta vez, volvemos à infância
já nos longes do tempo
buscando a provisão de cores
nesse amorável sítio
__ encantada redoma__
que vai se desbotando
para retomar seu viço,
apenas, na lembrança.

Mas, em meio às reflexões
que irrompem
nas frestas coloridas da emoção,
busco a paisagem íntima,
onde tenho um arco-íris
__ simbolizado na fé__
irisada flama, a iluminar
e a colorir as horas díspares.