Uma Visão do Esquisito

Uma Visão do Esquisito
Novas óticas se instalam e o artista muda o enfoque, como que atrelado à dinâmica da modernidade.
Que dizer desta arte que, com empenho, busca penetrar o âmago da realidade e que se envereda por novos caminhos, endereçando olhos sobre o inusitado?
Não são somente as formas e os matizes esplendorosos os instigantes do artista que ora busca registrar nas telas um vestígio do duelo interior com o seu tempo.
E, assim, a predileção incide sobre exóticos flagrantes que subjazem nas entrelinhas das coisas.
Desviando-se, aos poucos, dos cânones clássicos, os olhares se detêm surpresos, ante as criações que colhem estímulos no esquisito.
Sim ! Instala-se uma novidade estética, apresentando mutações, cumpliciadas com o circunstancial. Paradoxalmente, o artista cria em consonância com as dissonâncias do seu contexto.
Teria o alumbramento ante o belo, atingido a exaustão, obrigando o artista a buscar na expressão extravagante__ no esquisito__ um novo filão?
O esquisito, que integra a vida em todas as suas manifestações, conduzindo o artista à retratação de suas desestruturas, agora, ganha aplausos.
Entanto, o esquisito guarda, também, conotações de beleza, exalando um amálgama de ventura e surpresa, provocando a emoção __ escopo primeiro da arte.
Convencionou-se, durante muito tempo, que a harmonia e a perfeição seriam as musas do gosto estético.
Certo é que continuarão a surgir os veios inexplorados a nutrir a avidez artística, cada vez mais comprometida com o singular, com o raro e, até mesmo, com o imperceptível, trazendo-os ao realce, não se importando de causar espanto, pois quer inovar, instaurando um novo ciclo estético, rastreando no contundente celeiro da vida a matéria-prima de suas elaborações esdrúxulas.
Eis a arte, em flagrantes singulares, sem nada excluir, postergando preconceitos que incidem contra a fealdade e o exotismo.

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