Celebra-se, neste ano, o Jubileu de Prata da Academia Juiz-forana de Letras, entidade que teve sua aurora no último quartel do século que, não há muito, se findou.
Num retrospeto de sua trajetória, sentimo-la, não como guardiã de cristalizada cultura, mas movida por uma dinâmica, em meio a aprazível convívio.
Rememoramos, aqui, o contexto que lhe estimulou o nascedouro:
Na memória cultural juiz-forana, o 25 de dezembro de 1909, data em que a Academia Mineira de Letras, aqui se fundara, sendo, em 1915, seis anos após, transferida para Belo Horizonte, sob a pacífica anuência dos ilustres membros-fundadores que, augurando promissor futuro para a Instituição__ portadora do nome que sugeria abrangente acolhida à manifestação cultural montanhesa__ julgavam-na ser, lá, beneficiária do status que lhe conferiria a capital.
Para a lacuna instalada, no decorrer dos anos, surgiram discretas agremiações, em meio a uma representação academial, criada e presidida pelo idealista e intelectual, Leôncio Ferreira, que não tardou a ver frustrada a entusiástica iniciativa.
Idêntico destino teria o NUME__ Núcleo Mineiro de Escritores, que congregava a intelectualidade da época, desfeito pelo esmorecimento de seus membros...
Sucederam-se propostas culturais, como em
A ausência de uma expressão academial era, pois, sentida por muitos que levavam, em apreço, o pódio cultural a que havia alçado Juiz de Fora, com o epíteto de Atenas Mineira.
Mas, ao chegar novembro de 1982, coube ao historiador, Sinval Batista Santiago, brilhante homem de letras, materializar o desejo de se instalar uma Academia, que renovasse a expressão do contributo intelectual de Juiz de Fora.
Num arroubo idealista, eis que o nobre escritor se dispôs a reunir nomes de escritores, poetas, historiadores, jornalistas, enfim, beletristas, evidenciados por suas colaborações na Imprensa local, ou, autores já consagrados, desejando congregá-los para integrar a sonhada Instituição.
Para tal, fora convocado o aludido elenco, reunindo-o no Fórum da Cultura da Universidade Federal de juiz de fora, na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora, para estruturar a novel instituição, em sessão do dia 30 de novembro de 1982 que, em ata subscrita pelo saudoso Dr. Wilson João Beraldo, secretário, ad hoc, registrava a indicação do Dr. Wilson de Lima Bastos para presidir a reunião, na qual o Professor Dr. Almir de Oliveira ficara incumbido da apreciação do ante-projeto do Estatuto, a ser apresentado, no encontro seguinte, para discussão e aprovação.
Em 22 de dezembro de1982, no mesmo recinto,
Em sessão solene, ocorrida em 6 de maio de 1983, no recinto do Instituto Cultural Santo Tomás de Aquino, instalou-se, oficialmente, a Academia Juiz-forana de Letras recebendo o batismo literário do Presidente da Academia Mineira de Letras, o preclaro escritor, Vivaldi Moreira que, em magistral discurso, augurou-lhe iluminada trajetória.
Instalava-se, assim, a confraria, em torno das liberações do raciocínio e da emoção, visando ao culto das letras, em estrita observância às prescrições éticas__ condição precípua, apresentada ao elenco que, coeso, iria levar avante o ideal beletrista, que não se desfaria, ante algumas predições enciumadas, empenhadas, em sufocar as legítimas aspirações e as sinceras esperanças.
Assim, votado aos destinos deste sodalício, munido de discreta, mas enérgica liderança e, em plena consonância com seus anseios, o escritor Wilson de Lima Bastos se inseriu na História Cultural de Juiz de Fora, com um gesto de despojamento e de singular benemerência, escasso em tempos atuais, ensejando à Academia Juiz-forana de Letras, instalar-se, definitivamente, em sede própria, mercê da doação, que se efetivara, após processo comprobatório de sua intenção, através de dados, colhidos nos registros das atas__ nos quais se basearam com desmesurado empenho os acadêmicos Almir de Oliveira e Kleber Halfeld__ seu sucessor na presidência.
Assim, não só o imóvel composto de um grupo de salas, como o acervo rico na diversidade bibliográfica, com obras da Literatura Brasileira e raridades da Literatura Universal passaram a ser propriedade da Academia Juiz-forana de Letras.
Prossegue, pois, a Academia Juiz-forana de Letras, através de seus membros, cumprindo os decididos objetivos de estudo, pesquisa, zelo pelo idioma pátrio e pela divulgação da Literatura Nacional, em particular, com prescrições ao destaque da Literatura em sua expressão juiz-forana.
Que a Academia Juiz-forana de Letras continue a trilhar a senda da cultura, cumpliciada com o que lhe prescreve o símbolo “Pro Litteris Urbis”__ proposto pela venturosa criação do acadêmico Almir de Oliveira.
Creusa Cavalcanti França
Vice-presidente da Academia Juiz-forana de Letras.
Escritora e poeta.